Cefas Carvalho
Roberto LucenaEx-senador e ex-prefeito de Parnamirim, Agnelo Alves, 76 anos, casado, pai de 3 filhos, foi entrevistado pela redação do jornal Potiguar Notícias e falou de assuntos diversos referente à política e jornalismo. Confira:
Cefas Carvalho: Como o senhor vê esse pedido de cassação do mandato de Maurício Marques feito pela Procuradoria Regional Eleitoral?
Eu acho que houve coerência do Ministério Público que fez a primeira ação aqui no Município e naturalmente cabia ao Ministério Público Estadual ser coerente com o Ministério Público de Parnamirim. Mas eu acredito que a Tribunal de Justiça manterá a decisão de Parnamirim mantendo o mandato do prefeito Maurício. Acredito nisso e será uma decisão normal, sem nenhuma adjetivação a não ser a da coerência.
CC: O senhor então não está preocupado com isso e aconselharia ao prefeito também não se preocupar?
O prefeito foi o primeiro a me dizer "Estou tranqüilo. Absolutamente tranqüilo". Recorreram contra Maurício, não foi ele quem recorreu. Maurício está absolutamente tranqüilo.
CC: Alguns depoentes no processo contra Maurício são pessoas ligadas ao grupo político dele, inclusive um é ex-secretário de seu governo. Como o senhor analisa essa situação?
Todo colegiado tem os prós e os contras. Você vai à Igreja Católica e têm uns padres que pensam de uma forma e outros de outra maneira, e até agem em conseqüência do que pensam. Não se vai ter nunca a unanimidade.
Roberto Lucena: Como é a sua rotina agora?
Eu sou um fazedor de coisas simples. Mas por mais simples e várias coisas que eu faça, eu costumo ficar um pouco desocupado, e isso é péssimo para mim que gosto de fazer as coisas.
RL: Na semana passada o Ministério Público de Parnamirim instaurou um inquérito para apurar fatos relacionados a um contrato da Prefeitura de Parnamirim com a Qualityserv Comércio e Serviços. O Ministério quer informação sobre valores pagos pela Prefeitura em dezembro do ano passado, ou seja, na sua gestão. O que o senhor sabe sobre isso?
O que aconteceu? Esse Quality prestou serviços para Prefeitura?
RL: Segundo o Ministério Público, sim.
Eu não conheço essa empresa, não. Não tive relacionamento com empresários que venderam ou prestaram serviços à Prefeitura. Tinha os departamentos próprios, as secretárias próprias com absoluta independência. Sempre confiei nos meus secretários e mais do que isso, todos eram responsáveis pelos seus atos.
CC: O senhor será candidato em 2010?
Vou recorrer aqui à memória de Aluízio Alves: não é certo, não é provável, não é impossível. Não estou indisponível, pelo contrário, com ou sem mandato eu gosto de trabalhar por Parnamirim. Eu sou uma pessoa movida à paixão. Eu sou apaixonado por Parnamirim. Não tive sucesso nas eleições de 96, mas continuei trabalhando.
RL: E a filiação ao PDT, quando irá acontecer?
Eu sou favorável a que todas as pessoas tenham um partido, quer ideologicamente, quer programaticamente. Infelizmente no Brasil os partidos não têm mais ideologia nem práticas pelas quais defende. Os partidos hoje são meramente cartoriais. Eles estão numa fase que não têm representatividade. Então eu vou ficar dentro do PDT para que o PDT tenha essa representatividade.
RL: Mas a filiação deve acontecer quando?
Eu tenho até julho ou agosto.
RL: Os que acreditam que o senhor será candidato a deputado estadual analisam que a briga será para disputar votos com Gilson Moura (PV), mas isso pode acabar prejudicando a candidatura de Álvaro Dias (PDT). Qual a sua avaliação sobre isso?
Eu acho que todos os candidatos a deputado estadual vão ter vez em Parnamirim. Não só eu ou deputado Gilson Moura. Os deputados que estão aí foram bem votados em Parnamirim e continuaram sendo. Agora, eu confio que sairei com uma boa maioria do povo de Parnamirim.
RL: Em 2010 então teremos uma boa briga?
Não. As pesquisas que tenho feito me dão tranqüilidade.
RL: A população reclama que Parnamirim não tem um representante na Assembléia Legislativa.
Acho que se eu for eleito a população estará satisfeita porque eu serei o deputado de Parnamirim.
CC: O senhor acredita que o seu filho, Carlos Eduardo, tem chances de ser candidato a governador?
Chances políticas mais remotas, chances eleitorais mais próximas. Nós temos aí as pesquisas que dão a ele e a ex-prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini, posições privilegiadas. Eu não posso adivinhar, mas gostaria que a população lutasse para que os partidos façam uma consulta pública para saber quem eles iriam apoiar e não apenas ser uma decisão dos seus líderes.
RL: Como o senhor analisa a situação atual do Senado, que constantemente sofre com acusações?
Eu acho que o Senado está passando por uma situação maravilhosa. O fato de adotar a transparência não pegou mal para o Senado. Pelo contrário, eu acho que falta transparência nas assembléias legislativas e na Câmara Federal. O Senado está atravessando uma grande fase.
RL: Surgiram boatos que o senhor estaria se distanciando do prefeito Maurício. Isso é verdade?
Distância existiu quando ele era meu secretário. Eu não posso estar todos os dias na prefeitura, mas sempre que for necessário eu não me inibo de ir até lá. Pessoalmente, como amigo, participo de encontros com Maurício em Natal, aqui em Parnamirim. Não há a menor fissura, não há nada de diferente.
RL: E porque aparecem esses boatos?
É próprio da atividade política. A atividade política é como a nuvem que você olha agora e um minuto depois não é a mesma coisa. Aí o povo diz "Foi embuada, foi isso, foi aquilo". Mas não existe absolutamente nada.
RL: Maurício disse semana passada que o senhor não fez nenhuma exigência, não pediu nenhum cargo...
Evidentemente que não ia fazer. A responsabilidade é dele e eu acredito nele como prefeito. E espero que ele seja tão prefeito como foi bom secretário.
RL: Há algum tempo foi publicada fotos de uma estátua do senhor, mas até agora ninguém sabe quem mandou fazê-la. Foi o senhor ou quem foi?
Jamais mandaria fazer uma estátua minha. Só vejo estátua de quem já está morto e eu vou viver se Deus quiser, por muitos anos, muitos anos mesmo. Vou fazer próximo mês 76 anos e me sinto muito bem. Estou na plenitude das minhas atividades políticas e profissionais.
CC: O pai da estátua nunca apareceu?
Eu não sei nem se é verdade porque eu nunca a vi para dizer "Estátua, muito prazer, eu sou em carne o que você é em bronze".
RL: O senhor não viu a foto?
Não, não cheguei a ver. Foi publicada?
RL: Foi.
Parece comigo?
RL: Parece.
Bom, se parece eu quero conhecer e dizer "Prazer, sou Agnelo. No futuro você vai me representar (risos)
RL: E qual o local seria bom para colocar a estátua?
Aí só o prefeito na oportunidade e o povo de Parnamirim para dizer, mas com ou sem estátua, não esqueço o compromisso que tenho com Parnamirim e sei que o povo de Parnamirim não vai esquecer de mim.
RL: O senhor sabe que no site da prefeitura o seu nome ainda aparece como sendo o prefeito?
Não! Verdade? Já está na hora de mudar (risos). Vou falar com Márcio César.