Cefas CarvalhoEste blogueiro enfrentou a preguiça e o cansaço – e a fila de entrada – para ir ao Cinemark ontem, terça à noite, conferir a pré-estréia do documentário “Sangue do barro”, de Mary Land Brito e Fábio de Silva, para o projeto nacional Doc TV. Em primeiro lugar, fui surpreendido com o grande número de espectadores (que constituíram a já citada fila imensa), o que mostra o bom momento do audiovisual potiguar. Em segundo lugar, fiquei impressionado com a qualidade e agilidade do documentário. Narrado em tom ágil, (mas sem excesso do ritmo de videoclip que mata alguns bons documentários), “Sangue do barro” apresenta, como se sabe, a história – lembrada pela comunidade, amigos e filhos do assassino – de Genildo Ferreira, que há doze anos, matou 14 pessoas no distrito de Santo Antônio do Potengi, em São Gonçalo do Amarante. A história repercutiu em todo o país. O documentário (na mesma linha do excelente “Procedimento operacional padrão”, de Eroll Morris, sobre a prisão de Abu Ghaib, no Iraque) de 52 minutos não tenta julgar Genildo nem fazer juízo de valor. A direção de Mary e Fábio é segura, o roteiro (escrito por Mary em parceria com o cineasta Geraldo Cavalcanti) é bem alinhavado e merece destaque a trilha sonora cheia de guitarras e percussões de Gustavo Lamartine e Gabriel Souto (ambos roqueiros, o primeiro da antiga e boa banda general Junkie, o segundo do projeto Du Souto). Enfim, cinema de qualidade para registrar uma das maiores tragédias da história deste Rio Grande sem Sorte, como diz o poeta Plinio Sanderson. Ah, “Sangue no barro” mostra-se (consciente ou inconscientemente?) crítico com a imprensa televisiva e a cobertura do fato (ao estilo programa Patrulha Policial, J. Gomes, padrão TV Ponta negra de jornalismo, enfim). Mas, isto é pano para a manga para outro artigo. Que o documentário seja exibido (inclusive em escolas públicas, alô FJA e Funcarte), divulgado e ganhe o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário