Ex-presidente da Câmara de Parnamirim, o engenheiro químico e empresário Fernando Fernandes veio ao Alpendre do PN onde concedeu entrevista ao repórter Cefas Carvalho. Falou sobre passado, futuro, Agnelo, Maurício e Gilson. Confira:
O senhor teve uma participação muito lembrada como vereador e presidente da Câmara. Tem algum projeto pessoal para 2012?
Não, eu não sou candidato a nada, nas eleições de 2012. E eu, dia 1°, estou assumindo o PP de Parnamirim, e o objetivo agora é de fortalecimento do partido. E com minha entrada ele teve ganhos consideráveis. Nós estamos em um partido muito forte para discutir as eleições de 2012. Então, com certeza ele terá um papel importante nessas eleições. E eu comandarei o partido para a participação nesse processo eleitoral.
A tendência do partido será lançar uma candidatura própria para prefeito, criar uma boa base de vereadores ou apoiar um dos possíveis candidatos Maurício Marques ou Gilson Moura?
Vamos trabalhar com todas as hipóteses, hipótese de lançar vários candidatos, qualquer um que queira aspirar uma candidatura majoritária, o PP vai dar todo o apoio, toda a estrutura. Agora não vamos dizer que vamos entrar com a candidatura, não. Nós vamos discutir essa candidatura. Se a candidatura for viável, nós iremos disputar; se não for, nós iremos buscar alianças - e elas estão abertas. Pode ser com Gilson Moura, com Maurício, como pode ser com Walter Fernandes. Então, nós vamos “abrir”. Eu vou fazer uma coisa que ninguém nunca fez, porque para que houvesse esse crescimento em 2012, todas as candidaturas serão discutidas. As candidaturas do partido, e de outros partidos, nós vamos discutir isso dentro do partido.
Há que acredite na polarização da campanha entre Maurício e Gilson, uma espécie de 2º round da eleição passada; há outros que acreditam no fator Agnelo. Qual a sua opinião?
Depois da formação, até o dia 30 do final do mês, nós vamos ter a exata noção. Existe uma expectativa de candidatura de Agnelo - você sabe que uma candidatura de Agnelo é praticamente imbatível em Parnamirim. Agora o que pode ocorrer se Agnelo mudar pro PSD aí você pode acreditar que ele é candidato, se ele não mudar ele não será. Porque estão cubando do diretório do PDT de Parnamirim, Maurício Marques, e como foi feita convenção o partido não é comissão provisória. O partido é livre, a possibilidade de ao menos ter intervenção é bem remota.
Então, o senhor acha que se Agnelo ficar no PDT, é um indicativo que ele irá apoiar Maurício Marques?
Sim. Agora se ele sair é porque ele é candidato. Ele deixou esta dúvida, hoje ela está no ar.
Tudo indica que Carlos Eduardo, filho de Agnelo, será candidato em Natal. Agnelo teria condições estruturais, inclusive de saúde, de enfrentar duas candidaturas - dele e do filho - em dois municípios?
Essa discussão parte, se a candidatura de Agnelo em Parnamirim for importante para a candidatura de Carlos Eduardo. Então, não tenha nem dúvidas. Tem que ver se é importante, se a candidatura for boa para o filho, então ele vai ser. Agora, quanto a questão de saúde, eu acho que nenhum político no Estado tem mais saúde que Agnelo, porque para matar os Alves só se for de bala (risos). Para os Alves, morrer é muito difícil. Você vê o Garibaldi – o pai. Ele ressurgiu, e agora está aí, assumiu o Senado.
Os dois últimos entrevistados neste Alpendre do PN foram Agnelo, que disse que contava com o apoio de Gilson Moura; e depois Gilson, dizendo que não era bem assim e que gostaria do apoio de Agnelo. Você acha que essa postura de Gilson e de Agnelo é benéfica ao eleitor ou ela tende a confundir o tabuleiro político?
Na realidade, Gilson, por achar que Agnelo não seria candidato: “Agnelo se for candidato eu lhe apoio”. Aí como hoje existe a possibilidade de Agnelo ser candidato, então Gilson acabou se prejudicando com o que disse. Gilson disse isso com o intuito de trazer o apoio de Agnelo para a candidatura dele. Uma candidatura de Agnelo, Gilson não apóia, ele é candidato contra Maurício, contra Agnelo, seja quem for. E agora está nisso. Foi um marketing de Gilson que deu errado.
Mas na hipótese de Agnelo contra Gilson, como seria essa disputa, o favoritismo de Agnelo seria inconteste?
É lógico! É muito difícil derrotar Agnelo. Ele tem uma coisa: ele não transfere voto. As candidaturas que ele apoiou nunca tiveram esse respaldo. Agora, Agnelo candidato é totalmente diferente: o povo vota. Na realidade, se você olhar Parnamirim o maior inimigo de Maurício é a sombra de Agnelo, porque trabalhou errado. Maurício quis fazer o seu governo uma continuidade de Agnelo, e está pagando um preço alto. O governo que você faz tem que ser o seu, porque se você não fizer, aí a sombra do passado lhe derrota.
Qual a avaliação que você faz da legislatura de hoje? Tanto da presidência como da atual legislatura?
Eu acho que o presidente Taveira tem atendido a perspectiva da população. Agora essa Câmara aí não tem dado o respaldo que era para ser dado. Eu acho ela está muito aquém. Agora o presidente, não. Ele está à altura dos grandes presidentes que a Câmara teve.
Porque isso acontece?
Porque hoje é uma tendência natural os políticos hoje, principalmente quando vão para o discurso da eleição, prometem trabalhar, mas quando chegam lá estão pensando no seu interesse, no da sua família e das pessoas que o elegeram, dos cabos eleitorais. O vereador hoje vive mais preocupado com o interesse pessoal.
Você tem saudade daqueles tempos de seus embates com Batista?
Não. Na realidade quem tem saudade é a população. Eu, Batista, Ricardo Gurgel, que tinhamos discussões, Valério Felipe também. Isso na realidade a população sente falta, porque na nossa época quantas vezes secretário foi lá depor, prestar esclarecimento. Você se lembra da questão do meio ambiente, que o secretário teve que ir lá e na época a Câmara foi contra, deu impedimento e está provado que a Câmara tinha razão. Hoje, você não vê discussão sobre projetos, você não vê discussão sobre nada.
Quando você passa lá em frente à Câmara, não tem saudade, uma vontade de voltar para lá?
Não, e sabe porque? Porque eu me sinto com o dever cumprido. Eu fui presidente e assumi um compromisso para ser presidente e durante o processo Agnelo me chamou: “Fernando, vamos fazer sua reeleição”. Eu disse que não, que tinha um compromisso. Então, o meu mandato era de dois anos. Se eu quisesse teria mais quatro. Eu deixei uma marca lá que ninguém jamais vai apagar: deixei a marca da devolução dos R$ 3 milhões. Então, na hora que eu saí foi definitivo. Existe, sim, a possibilidade de eu ser candidato a prefeito de Parnamirim. Em 2016, eu penso nisso.
Política é futuro e não passado. Mas, sobre Gilson em 2008, ele liderava as pesquisas e quase ganhou a prefeitura de Parnamirim em 2008, agora passados alguns anos, qual a avaliação que o senhor vê internamente, quais os possíveis erros, as possíveis dificuldades que ele teve?
Eu acho que o grande erro de Gilson na campanha foi que ele não conseguiu convencer a classe média de Parnamirim. Faltou isso. Você sabe que a classe média é o grande formadora da opinião pública, as revoluções estão aí pra provar. Se você conseguir penetrar na classe média você é o prefeito de Parnamirim. Um exemplo que se tem, é o embate entre Luis Almeida e Carlos Eduardo, que este ganhou porque aquele não conseguiu penetrar na classe média. A mesma coisa Micarla, hoje ela paga um preço muito alto porque não está com o apoio da classe média. Foi isso que aconteceu com Gilson.
Dois dos possíveis candidatos a prefeito de Parnamirim são deputados - Agnelo e Gilson. Qual a avaliação que o senhor faz das atuações deles?
Eu acho que todos os dois, como deputados, têm muito a desejar, se você pegar uma pesquisa e procurar um pronunciamento em defesa de Parnamirim você não vai encontrar. Eu acho que eles estão devendo muito na atuação parlamentar, uma atuação na Assembléia Legislativa de Parnamirim. Nós não temos o que comemorar com a eleição dos dois para deputado, e isso aí eu vejo, a população vê, você, como jornalista, vê.
Você é assíduo do twitter e já domina esse meio. Qual a sua opinião de como essa ferramenta pode influenciar nas eleições?
Eu acho que o maior exemplo que nós temos é o Oriente Médio. Esses regimes ditatoriais existentes estão caindo com a utilização dessas mídias - o Egito e outros países, por exemplo. No Brasil, está chegando agora. Com o “Fora Micarla”, na realidade hoje esta rejeição toda de Micarla se deu pelas mídias sociais, twitter, Orkut. Então, quem souber trabalhar com essas redes sociais, é quem vai determinar um futuro político.
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