Os dois maiores desafios para a preservação do Rio Pitimbu e o impedimento de sua degradação são: a mobilização da sociedade, especialmente nas comunidades que ficam às suas margens do rio e a colocação na pauta do poder público como prioridade a gestão dos recursos hídricos. Enquanto isso não ocorre, a cada dia, novos empreendimentos imobiliários surgem às margens da RN-313, estrada que liga o bairro de Nova Parnamirim ao conjunto da Coophab.
São construções realizadas muito próximas do rio Pitimbu, área protegida por lei. As licenças de empreendimentos que estão sendo erguidos às margens da Pitimbu estão sendo investigadas pelo Ministério Público. Em uma ação conjunta das Promotorias de Meio Ambiente de Natal e de Parnamirim está sendo analisado todo o processo de licenciamento da obra que foi feito no Instituto de Desenvolvimento e Meio Ambiente (Idema).
A promotora do Meio Ambiente de Natal, Gilka da Mata, é de opinião que os novos condomínios estão a menos de 10 quilômetros da Lagoa do Jiqui e hoje é ela (a lagoa) que salva a população de Natal. "É o único manancial superficial que abastece a população da Zona Sul", observou a promotora, chamando atenção que é preciso cuidado com o sistema de esgotamento sanitário. Precisamos ter muito cuidado com a infiltração. Os estudos devem apontar o impacto dessas obras", completou.
A promotora disse que ainda não é possível saber se será necessária uma ação civil pública contra a obra, que foi licenciada pelo Idema. "Só depois que analisarmos todos os documentos poderemos dizer alguma coisa sobre isso", ponderou.
O rio Pitimbu perfaz uma bacia de 128 km2, costurando um polígono irregular entre as cidades de Macaíba, Natal e Parnamirim. Até desaguar na Lagoa do Jiqui, manancial usado desde 1960 para abastecimento público, topa em uma dúzia de barragens, enfrenta a resistência do matagal fechado, desaparece sob o asfalto, corre por trás de um cemitério, ao lado de um presídio e sob os trilhos do trem.
O crescimento desordenado e predatório, no entanto, deixou o Rio Pitimbu numa posição bastante delicada e preocupante. Agonizando, mas vive. A pergunta é: até quando? Será por pouco tempo, se não tiver um controle sobre a emissão de esgotos no rio.
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