Dando continuidade à série de entrevistas com os candidatos ao Governo do RN e ao Senado para a seção "NO alpendre do PN" do jornal Potiguar Notícias, este blog posta entrevista com o servidor público federal Sandro Pimentel (PSOL) que, pela segunda vez, tenta governar o Rio Grande do Norte. Confira abaixo a entrevista concedida aos jornalistas Cefas Carvalho e Roberto Lucena. As fotos são de Pedro Primitivo Júnior.Roberto Lucena: Qual o objetivo principal do PSOL nestas eleições?Mostrar à sociedade potiguar que existem alternativas diferentes e qualificadas. Entendemos que não é possível que o RN continue produzindo apenas melão. Tendo como básico na sua economia apenas o turismo, a fruticultura para exportação, carcinicultura que está em queda. Isso é muito pouco. Precisamos crescer, desenvolver ecologicamente sustentável. Nesse parâmetro, entendemos que seremos o diferencial nessa campanha.
RL: E quais “armas” o PSOL irá usar nessa disputa?É muito difícil. Começa pelo processo democrático, que no Brasil não existe, onde teremos cerca de um minuto no tempo eleitoral de televisão, enquanto outras candidaturas terão dez, quinze minutos. É difícil com esse tempo. Nossa principal arma é a militância e o nosso programa de governo. Dialogando com a população, mesmo com o tempo ínfimo, mas conseguindo traduzir o nosso sentimento, vamos conseguir ser simpáticos e transmitir o que queremos. Se conseguirmos isso, não tenho dúvidas que a população do RN, inteligente como é, vai escolher o melhor para seu estado. As pessoas precisam sentir amor pelo estado e parar de votar por vício. No RN se vota por vício. “Porque sempre votei em fulano de sobrenome tal, vou votar”. Isso é vício. As pessoas precisam parar com isso e votar por amor ao Estado.
Cefas Carvalho: O PSOL ainda procura marcar terreno no RN ou já está consolidado?Não entraríamos numa campanha só para demarcar espaço. Entramos porque entendemos que, mesmo com todas as adversidades, temos condições de disputar o pleito para ganhar. Isso é o que nos move: saber que o eleitor potiguar terá uma alternativa qualificada e a chance de ganhar o processo.
RL: O deputado João Maia (PR) disse que a política no RN está muito confusa, ao ponto das “vacas desconhecerem seus bezerros”. Qual sua análise da cena política atual?João Maia está certo. Mas ele não diz que contribui para isso. Nesse processo, ninguém sabe se ele é bezerro ou vaca. É difícil para o eleitor entender o que é uma sigla partidária. As pessoas votam no nome e se esquecem que existe um projeto partidário, existe uma sigla e um partido. Exceto os partidos que têm donos, que são muitos, a maioria. Esses [partidos] que têm dono não precisam de projetos, de planos, de nada. Tem o dono que manda e têm os subservientes que obedecem as ordens. Para os partidos ideológicos, que têm programa, como o PSOL, entram no processo para tentar conscientizar a população de que é importante votar num projeto e não no nome. Nossa prioridade é isso. Sandro Pimentel não vai falar por Sandro Pimentel. Sandro Pimentel vai falar pelo PSOL e pelo programa de governo.
CC: É possível prever que num hipotético segundo turno o PSOL pregue o voto nulo ou há possibilidade de se aliar a algum candidato?Nenhuma das duas situações. O PSOL vai para o segundo turno. Nosso objetivo é esse. Não queremos abrir mão desse foco, desse ideal. Vamos fazer o que for possível, dentro da legalidade, para estar no segundo turno. Para o segundo turno só passam dois e há mais candidatos. Existe, portanto, a possibilidade do PSOL ficar de fora. Como existe a possibilidade do PDT, DEM ou PSB ficar de fora. Caso o PSOL fique de fora, no meio do processo vamos reunir a militância e vamos discutir o que iremos fazer.
CC: Qual o projeto do PSOL para o RN?Algumas coisas temos definidos, uma delas é a educação. No estado, a cada cinco pessoas, uma é analfabeta, ou seja, 20% da população é analfabeta. No estado, há um déficit habitacional onde 130 mil famílias sem ter onde dormir. No RN, quase 25% da população está na miséria. Somos um estado rico. Não conseguimos entender, e entendemos, porque o nosso povo é miserável. Isso é reflexo de uma política atrasada que beneficia meia dúzia da população. Temos como proposta dobrar o número de vagas nas universidades estaduais. Uma das metas, até o final do governo, é ter um restaurante popular em cada município do estado. Vamos nos desenvolver ecologicamente, agrariamente e tecnologicamente. A Coréia do Sul representa 1% do território brasileiro. Aquele país produz a LG, Samsung, Kia Motors e outras tecnologias. No RN, não produzimos nada de tecnologia. Temos meia dúzia de empresas em São Gonçalo, Macaíba, Parnamirim e Natal, e a produção de petróleo em Guamaré. Fora isso, não temos mais nada. Como iremos nos desenvolver sem indústrias? Vamos criar pólos de industrialização. Queremos fazer um projeto de captação de água da chuva como ocorre na Austrália, que é destinado para irrigar plantações. Na educação, temos como meta zerar o analfabetismo.
RL: Essa será a terceira disputa majoritária que o senhor participa. Quais as lições ou arrependimentos trazidos das campanhas de 2006 e 2008?Cada campanha é um processo muito complexo. As falhas de 2006 foram grande pois foi nossa primeira disputa majoritária e não tínhamos estrutura e equipe de marketing. Para esse ano já estão aparecendo pessoas voluntárias que trabalham na área de comunicação para nos dar ajuda. Vamos otimizar nosso micro-tempo. Em 2006 acertamos muito quando caminhamos. Esse ano, vamos viajar mais, dialogar mais. Nossa estrutura é pequena. Não temos cabos eleitorais comprados, não temos vereadores e prefeitos comprados em canto nenhum. O horário eleitoral não chega à grande maioria das cidades. As pessoas não vão me conhecer novamente agora, só vão conhecer as oligarquias. As dificuldades são enormes, mas estamos prontos para encarar esse desafio.
RL: Vou citar o nome de alguns de seus adversários e gostaria que o senhor falasse um pouco deles. Rosalba Ciarlini (DEM), o que falar dela?Rosalba, no período que foi prefeita de Mossoró, não cumpriu os compromissos assumidos. Além do mais, ao sair, respondeu processos de improbidade administrativa. Pior que isso: se elegeu senadora, está há quatro anos, e não aprovou nenhum projeto no Senado. Isso é vergonhoso. Mais que isso: ela é contra a aprovação da Emenda Constitucional 29, que estabelece que as verbas do Tesouro Nacional sejam destinadas, no mínimo 10%, para a saúde. Rosalba é contra. Imagine alguém que se propõe ser a gestora do Executivo estadual ser contra recursos para a saúde, que está sucateada, que está na UTI. Rosalba demonstra irresponsabilidade social, política e administrativa. Rosalba não merece o voto do potiguar.
RL: E sobre o atual governador Iberê Ferreira (PSB)?Iberê é a continuidade de Wilma, que infelizmente foi um retrocesso para o nosso estado, que deixou nosso estado na situação de analfabetismo que se encontra. Deixou nosso estado na situação agrária que se encontra, sem política de reforma agrária. É um governo que deixou nosso estado atrasado e participou de vários processos de corrupção. Iberê, com mais de quarenta anos de vida política, o desafio a me mostrar um projeto apenas que tenha tido impacto na economia do RN. Portanto, não merece o voto do eleitor.
RL: Para finalizar, o que dizer de Carlos Eduardo (PDT)?Costumo dizer que Carlos Eduardo conseguiu ser pior que Marcos Formiga, que, para mim, foi o prefeito de Natal. Carlos foi tão incompetente ao ponto de permitir que, na gestão dele, fosse colocada mais de oito toneladas de medicamento no lixo. Carlos olhou tanto para o umbigo dele que, ao sair, a última canetada foi de liberação de recursos para uma ONG [Organização Não-Governamental] administrada pela esposa dele. Isso é o caos da irresponsabilidade, do descompromisso social com a população. Creio que se o RN avaliar bem as propostas e o perfil de cada candidato, vai ver que esses três [Carlos, Iberê e Rosalba] são farinha do mesmo saco. São siameses. Pregam a mesma política que as grandes oligarquias pregam no RN.
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