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Hugo Manso: "As críticas à postura de Garibaldi eu não abro mão, porque tenho que me diferenciar dessa postura. Garibaldi confunde o eleitor do RN"


Entrevista concedida aos jornalistas Cefas Carvalho e Roberto Lucena para a seção "No alpendre do PN", do jornal Potiguar Noticias. Foto de Pedro Primitivo Júnior.

Cefas Carvalho: O que levou o senhor a fazer as críticas a Garibaldi Alves (PMDB)?
Essa situação de ambigüidade vem desde o início do processo. Eu disse, nesse espaço, que o problema é que Garibaldi havia se apaixonado por Rosalba Ciarlini (DEM) e José Agripino (DEM). Nós estávamos sempre de portas abertas para acolher Garibaldi. Nós queríamos que o PMDB estivesse conosco. Eu declarei que seria de bom grado, desde que viesse por inteiro, com tempo de televisão, coligado conosco. Iberê Ferreira (PSB) disse também que convidaria o PT para compor a chapa de vice. Hoje, poderíamos ter uma chapa de Iberê governador, PT na vice e senadores Garibaldi e Wilma de Faria (PSB). Não temos isso por uma opção consciente de um cidadão maduro, com quarenta anos de vida pública, que preferiu fazer uma coligação sem cabeça com o PR e o PV. Assim se processou. Só que a campanha de Garibaldi, desde o primeiro momento, é casada com Agripino e Rosalba.
Essa contradição é muito forte porque são os pólos opostos da política nacional: Lula e a oposição do DEM. Qual é o incômodo? É Garibaldi ir a televisão afirmar ser eleitor de Dilma Rousseff (PT), parceiro de Lula, mas ao mesmo tempo está de mãos dadas com seus principais opositores. Ficamos processando isso a campanha inteira. No dia da convenção tivemos a presença de Henrique Alves (PMDB) no Machadinho. Citou-se o nome de Garibaldi cinco ou seis vezes. Estive com Henrique em Pau dos Ferros. Mais uma vez citou Garibaldi. Em Lajes, Henrique fez um belo pronunciamento e disse “quero pedir desculpas a Hugo Manso, mas eu tenho que expressar meu voto que é Wilma e Garibaldi”. Estivemos em Santo Antônio. Com Henrique, meu comportamento sempre foi de maturidade e tranqüilidade. Agora, as críticas a postura de Garibaldi eu não abro mão, porque ele é meu adversário. Tenho que me diferenciar dessa postura dele, porque Garibaldi cria uma confusão, e essa confusão está se refletindo no comportamento do eleitor do RN. A maioria do eleitor potiguar prefere votar em Dilma e em Rosalba. Nós queremos separar. Nós queremos que o eleitor de Dilma não vote em Rosalba e Agripino. Queremos trazer o eleitor de Dilma para seu programa de governo.
CC: A resposta de Henrique foi exagerada?
Em nenhum momento eu me dirigi a Henrique. Ele disse que eu fui muito áspero com Garibaldi. Não é questão de ser áspero, é questão de que certas coisas se acumulam. Minha postura é de defender o governo Lula e a parceria com Iberê e Wilma. Tenho sofrido muitos incômodos, na campanha, pelo fato de ter uma estrutura muito pequena. Mas tenho me comportado de forma tranqüila e entendo a postura de alguns filiados do PSB que não votam em mim. Mas tenho que colocar os pontos nos is. Garibaldi, criando essa nuvem de dizer que está do lado de Dilma, está levando o eleitor do PDMB a votar em Rosalba e Agripino. Isso não nos interessa. Queremos que o eleitor do PMDB vote com Iberê e Wilma. Mesmo que não vote em mim por causa de Garibaldi, vote em Iberê e Wilma. Agora, se Garibaldi quer se mudar de mala e bagagem para os braços do DEM, vamos disputar o eleitor do PMDB. Chamamos a atenção do eleitor do PMDB para isso.
Roberto Lucena: E como fica a relação do PT e o PMDB agora?
A relação é cordial, mas ao mesmo tempo é fria. O PT não está coligado com o PMDB no RN. Henrique tem ido às nossas atividades esporadicamente. Não é uma constante.
RL: Nesse mesmo ALPENDRE, antes das convenções, o senhor afirmou que não faria uma “dupla dinâmica” com Wilma. Como está a relação com ela?
Tenho uma agenda própria e me encontro com ela em alguns momentos. Nesse mês de setembro, vamos intensificar as movimentações.
CC: Wilma disse que iria casar o voto com o senhor. Mas como o senhor mesmo disse, alguns setores do PSB não votam no senhor. O que parece ser contraditório, pois se o PSB pedisse voto pro senhor, tiraria votos de Garibaldi e Agripino, concorda? Como avaliar isso?
Eu espero que eles corrijam esse erro até o dia da eleição. De fato, nem toda a coligação nossa se empenha efetivamente em minha candidatura. Isso é ruim para mim e para a coligação. Fragiliza. É ruim para Wilma porque sei que ela é a prioridade. Quanto mais votos eu conseguir tirar do lado de lá, melhor para Wilma. Esse discurso está claro: há um erro estratégico. É natural que pessoas do PMDB votem em Wilma e Garibaldi. Mas o grosso da nossa coligação precisaria ser Wilma e Hugo para potencializar a vitória.
RL: Como o senhor avalia os números das pesquisas que não o colocam em uma boa posição?
A leitura é o retrato daquele momento. De fato, Garibaldi, Agripino e Wilma são muito mais conhecidos que eu. É natural que apareçam em melhor posição. Acredito que a diferença será pouca entre cada um. O problema é o segundo voto. As pesquisas têm dificuldades em detectar o segundo voto, pois muitos nem sabem que podem votar duas vezes. Meu potencial é crescer no segundo voto. Para crescer nas pesquisas, só vejo o caminho de mostrar que há uma contradição, um oportunismo eleitoral na aliança de Agripino, Rosalba e Garibaldi. Eles fizeram esse pacto no Senado e tentam sobreviver à custa disso. Esse pacto é contraditório e precisamos mostrar isso.
RL: Um dos personagens que mais aparece no programa eleitoral é o presidente Lula. Ele não é candidato, mas a imagem dele é disputada pelos candidatos. Até onde Lula tem o poder de decidir a campanha no RN?
Primeiro quero dizer que é muito bom para gente do PT chegar nessa situação. Na primeira eleição direta no país, quando o presidente era José Sarney, havia mais de vinte candidatos e ninguém queria vincular a imagem a Sarney. Hoje, todo mundo quer se vincular a Lula. Dilma se distanciou de Serra com mais de vinte pontos. Ninguém esperava isso. Por outro lado, vem a consciência do eleitor. É preciso saber separar quem construiu com ele [Lula] um conjunto de políticas e quem está falando por oportunismo, por puro caronismo político. Tem muita gente pegando carona nesse cometa chamado Lula, chamado Dilma. Eu falo e uso a imagem de Lula na minha propaganda política porque tenho trinta anos de filiação no mesmo partido.

3 comentários:

  1. "vinhesse" por inteiro é foda, Cefas.
    De resto, tava na hora de alguém botar a boca no trombone contra esse oportunismo Garibaldino. Ponto pra Hugo. abs

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  2. Melayne Macedo Silva28 de agosto de 2010 às 08:48

    Valew Hugo apresentar uma argumentação clara colabora pro avanço coletivo desse debate.
    A Favor de uma nova cultura política!

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  3. Olá Chico. Pois é, amigo, transcrição a seis mãos sempre deixa escapar coisas assim. Obrigado pela correção. Volte sempre a este blog e em breve asnálise sobre o "piti" de Henrique Alves em relação às opiniões de Hugo. Abraço!

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