Cefas CarvalhoO cidadão ganha quase um milhão de euros por ano (quase três milhões de reais), mora em uma mansão em Milão, uma das cidades mais belas do mundo e trabalha como jogador de futebol da Internazionale, time de primeiríssima linha do futebol mundial, junto com craques da bola. De quebra é paparicado pelo presidente do clube e idolatrado pela torcida. Este é Adriano, atacante do Inter de Milão e da seleção brasileira, que, há algumas semanas abandonou a Inter e o futebol por "não ter mais alegria de jogar". Teve o contrato rescindido pelo clube italiano na semana passada. Mas, que não se pense que o cidadão está em casa, deprimido. Foi visto em bailes funk na favela onde nasceu e foi criado, freqüentou "baladas" noturnas na Cidade Maravilhosa e engatou um namoro com a "Mulher Moranguinho". Este colunista voltairianamente defende o direito de cada um de pensar e agir livremente. Só não consigo compactuar com quem defende a postura de Adriano com argumentos pouco sólidos. Alguns colunistas mais intelectualizados defendem que jogadores que vão muito cedo jogar na Europa (Adriano foi aos 19 anos) perdem a referência de casa e ficam carentes. Outros acharam uma prova de despojamento preferir uma favela carioca a Milão. Ora, bolas! Centenas de jogadores - e gente com outras profissões - vão morar longe de casa bem cedo e nem por isso entram em depressão ou chutam o pau da barraca. Dezenas de jogadores conhecidos saíram da miséria para construir carreiras de reputação em gramados europeus. Mas, o pior argumento é o do próprio atacante. "Não tem mais alegria de jogar"? Quem neste mundo tem "alegria" em trabalhar cotidianamente? Todos os jornalistas tem alegria em ir diariamente para a redação? Todos os atores tem alegria em gravar diariamente cenas de novelas enfadonhas? O padeiro tem alegria em todo dia acordar 4 da matina para fazer o pão quentinho? Não se trabalha - e o futebol, além de ser uma arte, é uma profissão, e muito bem remunerada para o primeiro escalão - com alegria o tempo inteiro. Talvez o que Adriano não goste é de ser pressionado por boas atuações e resultados e de ter sua vida pessoal observada. Pois é, Adriano, não dá para ser atacante da Inter de Milão, receber milhões de euros por ano e achar que dá para passar madrugadas em boates e não ser notado. Talvez o problema seja mais embaixo: criou-se a cultura de que estrelas de futebol devem ser mimados. Como as divas da ópera do século retrasado. Todos os chiliques são perdoados. Os defeitos, esquecidos. A mídia e opinião pública (pelo menos a brasileira) não mestras nisso. Fizeram isso com Romário e Edmundo. Agora, o fazem com Adriano e com jogadores como Robinho, outro menino minado que pediu para sair do Real Madrid por "não se sentir feliz" e agora amarga medianas atuações em um time de segundo escalão no futebol inglês e já amargou uma acusação de estupro em Londres. Uma pena. Criança mimada já é um saco. Marmanjos mimados, então...
Oi, Cefas! Concordo com você, esses caras estão perdendo o rebolado no gramado - e a culpa é dos milhões (ops, quis dizer mimos!). Mudando de assunto: você anda com uma produção e tanta, hém? (blogues e textos variados)Um abraço e parabéns pelos textos.
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