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A exemplo de Kassab, Paulinho Freire pode ser vice beneficiado pelas circunstâncias

Cefas Carvalho

Costuma-se dizer em tom jocoso no mundo político que os vices são meramente decorativos, não gozam de nenhum poder, como já brincava o humorista Jô Soares em em quadro do seu programa “Viva o Gordo”, nos anos 80. Contudo, a história recente do país mostra que as coisas não são bem assim. Nos últimos trinta anos nada menos que dois vices se tornaram presidentes da República (José Sarney, pela morte de Tancredo Neves e Itamar Franco, pela renuncia-impeachment de Fernando Collor de Melo).
Exemplo mais recente e mais moderno vem sendo analisado por políticos potiguares. Trata-se de Gilberto Kassab, hoje prefeito de São Paulo, estrela em ascenção do DEM e que torpedeou a sigla para fundar o PSD, onde ele será líder e estrela maior.
Empresário, corretor de imóveis e deputado federal apagado, Kassab foi companheiro de chapa de José Serra, eleito em 2004. Vice apagado, foi ungido prefeito em 31 de março de 2006, quando Serra renunciou para tentar o Governo de São Paulo. Nem o DEM esperava que ele conseguisse ser reeleito em 2008, principalmente contra a ex-prefeita Marta Suplicy, mas foi o que aconteceu. Daí, virou estrela nacional do DEM.
Amigos do vice-prefeito de Natal Paulinho Freire (PP) acham que o raio que caiu em São Paulo pode cair em Natal. Novamente alçado à Prefeitura com mais uma licença da prefeita Micarla de Sousa (PV), Paulinho tem chances de dar uma “cara de administração séria” a Natal, em contraposição ao caos administrativo da gestão Micarla, ratificado pelas pesquisas de opinião pública e pelo insucesso dos candidatos que ela apoiou em 2010.
Para correligionários do vice-prefeito, a rejeição quase inexistente e a postura discreta dele (a exemplo de Kassab em São Paulo) podem faze-lo ascender no imaginário do eleitorado, cacifando-o para a eleição do ano que vem. Curiosamente, se Kassab se aproveitou do fato de parte do eleitorado ter desaprovado a quebra de promessa de Serra de não renunciar, em Natal, Paulinho pode se aproveitar do desgaste experimentado pela prefeita, vítima do movimento Fora Micarla que foi destaque em jornais e sites de Rio de Janeiro e São Paulo.

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