Contador

Betinho Rosado: "Precisamos unificar as ações da Secretaria de Agricultura"

O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca, deputado federal licenciado Betinho Rosado, concedeu entrevista ao repórter Cefas Carvalho para o PN, quando falou sobre sua pasta, projetos, Festa do Boi e muito mais. Confira:

Secretário, quais as ações atualmente desenvolvidas pela sua pasta?
Nossa primeira intenção foi unificar as ações que fazem parte da secretaria, pois havia uma distância entre elas, que estiveram muito dispersas. A Emater já não respondia direito, não se integrava a Secretaria, nós tínhamos esse programa do financiamento do PIB que começou na década de 70 com Cortez Pereira e que já se chamou projeto Sertanejo, durante o governo de Agripino se chamava PAC, e ultimamente se chamava PDS. Mas desde o governo de Garibaldi que esses recursos tinham saído da secretaria e passaram para a secretaria social. E como quem sucedeu o governo de Garibaldi foi Márcia, justamente da secretaria, ela manteve o programa lá na Ação Social. Esse programa sempre foi da secretaria. Ele financiou o projeto Curral e várias outras ações.

Ele voltou para a Agricultura, portanto?
E, finalmente, agora com o governo de Rosalba Ciarlini, nessa nova versão do financiamento, irão voltar os recursos para a agricultura, para que sejam digeridos. Nós tivemos uma dificuldade no período em que esses recursos não estavam saindo. Por exemplo, nós financiamos 180 casas de mel. No entanto, nenhuma casa de mel pega certificado para exportação, pois o projeto da casa de mel não está bem feito. Assim, o Ministério da Agricultura, que certifica os projetos, reprovou por causa das condições. Eu creio que se esse projeto estivesse mais dentro da secretaria esses erros não seriam cometidos.

Então, que esse ano de 2011 está sendo para arrumar a casa?
O primeiro ano é sempre desse jeito. Vejamos o governo Federal, que Dilma deu uma pisada no freio, e ninguém conseguiu recursos com ele. O Ministério da Pesca, por exemplo - que tem uma interface com a secretaria - tinha um orçamento de R$ 400 milhões e teve seu orçamento reduzido a metade. A presidenta Dilma fez a opção de gerar os saldos orçamentários já no primeiro ano de governo, por isso esse empecilho todo. O governo enfrenta um conjunto de dificuldades que o estão impedindo de prosseguir e aumentar as ações que já existiam dentro da secretaria.

Como o Programa do Leite, por exemplo?
O Programa do Leite, a exemplo, é um programa que está consumindo, esse ano, R$ 66 milhões da secretaria. Além disso, nós estamos dando contrapartida a projetos que não foram executados e que silenciaram em 2003, e para nossa surpresa alguns desses projetos estão em contrapartida. Existem dois principais, por exemplo, o Programa do Leite, o PAA, que é um o qual entramos em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, que é um projeto de R$ 18 milhões - R$ 14 do governo Federal e R$ 4 do governo estadual. O governo Federal mandou os sete milhões no início do ano de 2010 e quando este dinheiro acabou nós colocamos R$ 2 milhões em contrapartida na primeira parcela e em seguida colocamos mais R$ 2 milhões da segunda parcela, que ainda não havia chegado. E o resultado disso é que atrasamos o dinheiro dos fornecedores de leite por mais de 60 dias.
Isso foi muito ruim, principalmente porque esse programa é executado próximo aos agricultores mais pobres que não têm condições de suportar esse tipo de problema. Mas ainda bem desde o dia 18 desse mês estamos pagando, pois o governo Federal liberou os recursos. Nossa expectativa é que ele não atrase durante um período muito longo como esse atraso de 60 dias, ou como o atraso de 90 dias que ocorreu no governo passado. Portanto, essa arrumação está sendo feita dentro da secretaria, para que esse tipo de problema não ocorra. Especificamente, e, ainda, dentro do Programa do Leite. Se o governo compra 150 mil litros de leite por dia essa quantidade consegue sustentar ou garantir receita mínima que garante ao agricultor, ao beneficiador. Numa cadeia com 900 mil litros de leite, esses 150 mil representam cerca de 20%. Tendo isso garantido, há o sustento de uma cadeia inteira. No entanto, o Rio Grande do Norte chega nesse período da entressafra produzindo pouco mais de 400 mil litros de leite, e no período da chuva produzimos uma pouco mais de 600 mil. Nós queremos que a política seja ordenada de modo que essa garantia de compra de 150 mil litros projete a bacia leiteira para perto de um milhão. Para isso basta que se estabeleça o critério de que o programa do leite vai comprar 20% da capacidade de leite da usina, obrigando o beneficiador do leite a atuar no mercado, a vender e produzir queijo, iogurte, enfim. Para ter a garantia da manutenção do seu negócio, de que 20% do que ele produz tenha um mercado cativo. Quem tem uma parte desse tipo, quem tem uma garantia dessas tem condições de arriscar uma quantidade maior de leite, a cadeia produtora precisa disso, temos usinas que trabalham assim, mas temos outras que fornecem unicamente para o governo estadual. Nós precisamos reduzir essa dependência. Devemos fomentar o mercado leiteiro. E também, na parte da produção prestar assistência técnica aos produtores, principalmente aos pequenos produtores.

Uma pergunta que é de interesse geral, mas, de forma específica de criadores e do município de Parnamirim: Qual a avaliação econômica e política da Festa do Boi?
A Festa do Boi deste ano foi muito boa. E em parte por que o governo manteve o calendário das exposições, apesar da crise financeira, da dificuldade, ele conseguiu realizar a exposição de Caicó, de Currais Novos, Mossoró, São Paulo do Potengi, Apodi e Pau dos Ferros, que são de certa forma preparatórias para a Festa do Boi. E ela foi esse sucesso que nós acompanhamos, em termos de números de animais e de presença de público. Quase 100 mil pessoas estiveram na quarta-feira, que foi feriado. Os cones e as carrocinhas que puxavam os carneiros não paravam graças à criançada. O número de animais foi superior ao do ano passado e duas coisas mostraram uma tendência da pecuária potiguar: a primeira é que vimos um maior número de animais presentes da raça Soinga, é uma raça sintética daqui. Então, isso mostra a força dessa raça. E a segunda coisa é o crescimento da raça Sindi, que é uma raça indiana e que tem aptidão para produzir leite. Então, a presença do Sindi e do Soinga é um indicativo que essas raças de aptidões leiteiras estão crescendo.

Quais são as expectativas do senhor na Secretaria em 2012? Será um ano melhor?
Esse reajuste da Secretaria recoloca uma quantidade de recursos da pecuária, que estavam dispersos no Estado, sobre o encaminhamento da secretaria, sob o domínio dela. E isso vai fazer com que a política agropecuária do Rio Grande do Norte tenha um comando único, e isto será uma coisa benéfica para o Estado. Nós esperamos investir na cadeia produtora do leite. No entanto, a atividade que vai receber mais recursos do governo estadual, do programa do banco mundial, será a aqüicultura. Nós estamos fortes em pesca oceânica, mas infelizmente da aqüicultura não passamos de extrativistas, com exceção do camarão. Nós produzimos duas mil toneladas de tilápia, enquanto os estados vizinhos já estão em 30, 40 mil tilápias. Nós entendemos que o cultivo dela é uma atividade ligada aos pequenos produtores e pretendemos incentivar essa produção e dobrando-a durante o governo de Rosalba e, ainda, queremos deixar uma base de investimento nesse setor, que permite que em 10 anos o Estado do Rio Grande do Norte possa produzir 40 mil toneladas de tilápia, temos condições para isso, e até podemos produzir muito mais que isso. Da secretaria, estamos precisando de recursos hídricos para liberar os açudes e espelhos de água - mas, claro, que isso dentro da lei - para a criação desses peixes. No caso do mel, que é outro elemento importante da nossa cadeia produtiva, somos o quinto produtor do Brasil. E Apodi é a segunda cidade produtora. E o milagre disso se chama: Chapada do Apodi. Da qual dividimos com o Ceará que detém 30% dela. Com essa área de 30% o município de Limoeiro já é o maior produtor de mel do Brasil. Oras, se o Ceará que tem esse tamanho consegue produzir muito, então podemos ser brevemente o maior produtor do Brasil, e vale ressaltar que seria com um mel de boa qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário