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As "mensagens" dos prefeitos às Câmaras

Rômulo Estânrley

É de praxe aqui pelos cafundós brazucas, as câmaras municipais receberem dos prefeitos eleitos “mensagens” – espécie de cartas de boas (más, no nosso caso) intenções –, em que os alcaides empossados fazem o misce-em-scene de sempre, tudo como manda a liturgia do cargo, para o bocejar em berço explêndido dos digníssimos edis e para a dormideira da macacada de auditório. É o chamado supositório de alho. Só que muita gente ainda não reparou no rico valor literário desses discursos, escritos por assessores, para serem lidos pelos prefeitos. A maioria dessas loas é tão verossímil quanto uma Barbie menstruada. Mas algumas dessas “peças” são obras-primas do humor escrachado, para não dizer nonsense. Um exemplo? Em recente mensagem da nossa Deodato de saias, Marília “mamulengo” Dias, nas suas “breves palavras” – cinco laudas, lidas em 58 segundos, como observou um dos presentes, apreciador do bom teatro de comédia – viajou na maionese, lambuzou-se na mostarda e patinou no catchup. Provou que é Phd em demagogia e pós-doutorada em estultices. Em virtude do curto espaço desta coluna, selecionamos alguns trechos brilhantes. Veja, leitor: “Sabemos que não existe cidade sem povo, não existe desenvolvimento sem dignidade” (descobriu a pólvora!). Outro: “Vamos trabalhar baseados em números”. Grande boa nova! O que fizeram os Cunha em oito anos? Só pensaram em números ($$$$$$$$...). Esse outro é ótimo: “Mesmo depois de oito anos de uma gestão exemplar” (essa senhora bebe?) “é inegável que a muito a ser feito”. E emendou: “Não posso, em momento algum, desconectar a minha proposta de governo, do trabalho competente que Fernando Cunha realizou à frente da Prefeitura. Além de incoerente, seria injusta com o homem que plantou importantes sementes para o desenvolvimento deste município (...)” – Atenção, autoridades federais, Ibama, Polícia Federal! Fernando Cunha andou plantando sementes em Macaíba! Acuda, Obama! Não, bicho, sem sacanagem! Nem o Casseta & Planeta nos seus melhores momentos! Interessante é o início desse texto hilariante. Segundo a prefeita, Fernando, o hoje médico (vige!), fez uma “gestão exemplar”. Transformou, em outros leros, Macaíba em uma Veneza Pisa-na-Fulô. Foi o que a prefeita leu. Então, temos em Macaíba um típico caso de antinomia (procura no dicionário, Zé Luiz!), pois a mossoroense afirmou antes que “são inúmeros os desafios políticos e administrativos que teremos que enfrentar (...) e muitas necessidades nas áreas urbana e rural”. Traduzindo: o que ela quis dizer é que os macaibenses estão com uma mão na frente e outra atrás; que estão vendendo o almoço pra comprar a janta!... E o que é pior: a Tiradentes ainda quer continuar o modelo de gestão de Fernando, o Osama Bin Laden da administração pública! Por hoje é só, pessoal. O discurso é tão longo que dá para fornecer notas a esta coluna para os próximos quatro anos. Portanto, aguarde mais até a próxima semana!

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