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Entrevista com Wilma de Faria: "Tenho certeza que eu e Carlos Eduardo estaremos juntos no segundo turno"


No jornal Potiguar Notícias, editado por este blogueiro, vem realizando uma série de entrevistas como todos os candidatos ao Governo do Estado e ao Senado. A primeira dessa série de entrevistas (da seção "No alpendre do PN", no jornal impresso) é com a ex-governadora Wilma de Faria, candidata ao Senado pelo PSB. Confira a entrevista concedida aos jornalistas Cefas Carvalho e Roberto Lucena. Foto de Jefferson Lira.

Cefas Carvalho: A senhora é uma das protagonistas de uma campanha que promete ser bastante acirrada. Qual a análise que a senhora faz dessa disputa?
Vou contribuir, com minha candidatura, para que essa campanha seja realmente democrática e dê oportunidade à população. As campanhas para duas vagas ao Senado são feitas geralmente com dois grupos que se revezavam no poder, cada um com seu candidato. Agora é diferente. Somos outra opção. Esse processo começou desde 2002, quando tive a coragem de renunciar a prefeitura do Natal, numa atitude ousada, enfrentando o desafio de ser candidata e os dois grupos que estavam no poder. Em 2006, quando nós tivemos a união das duas forças que eram antagônicas há muitos anos para me derrotar, conseguimos a reeleição com a aprovação do povo. A campanha desse ano vai dar continuidade a esse processo. Tenho muita expectativa de vitória.
Roberto Lucena: Há duas semanas, a senhora recebeu o apoio do prefeito Maurício Marques. Qual a importância desse apoio na sua campanha?
Todo prefeito é importante. Maurício está bem avaliado e é muito importante na nossa campanha. Ele fez a opção entendendo que meu nome era o segundo nome, achando que eu sou melhor representante. Ele tinha um compromisso com o partido dele, de votar num determinado candidato, o qual já havia escolhido, e eu fui escolhida em função da minha performance, em função do nosso trabalho e da minha ação em Parnamirim. Fizemos obras importantes: estradas ligando outras cidades, obras de drenagem e pavimentação em Santa Tereza, Rosa dos Ventos, construção de casas populares. Estamos construindo casas no programa Minha Casa, Minha Vida. O hospital que construímos, equipamentos e hoje faz cirurgias eletivas; programas sociais, como o Jovem Empreendedor, Pró-Jovem, Programa Primeiro Emprego; parceria com a prefeitura para melhorar o sistema de segurança. No Vale do Sol, o Governo do Estado fez um convênio de R$ 1,7 milhão para fazer toda a urbanização.
CC: O apoio do presidente Lula no RN pode ajudar a alavancar a candidatura de Iberê Ferreira (PSB) e viabilizar sua eleição ao Senado?
Sim. O presidente Lula transfere votos, ele é importante. Como eu e Iberê sempre trabalhamos em parceria com o governo Lula, acredito nessa somação de esforços durante a campanha. O PT é o nosso principal aliado. Tenho o prazer em dizer que a melhor renda domiciliar do Nordeste é a nossa. Temos o segundo maior PIB [Produto Interno Bruto] per capita, estamos iguais a Sergipe. Somos o estado, no Nordeste, que mais gerou empregos. Somos o estado que tem a menor faixa da população abaixo da linha da pobreza. Um jornal que foi criado praticamente para fazer oposição a mim, disse que somos os melhores entre os piores. Como se por acaso nós pudéssemos deixar de estarmos no Nordeste. O Norte e Nordeste são regiões que precisam melhorar muito com relação aos indicadores sociais, mas o RN, que já foi o último do Nordeste, ser o primeiro em relação a renda domiciliar, renda per capita e menor população abaixo da linha de pobreza, é uma vitória.
RL: Ao sair do governo, a senhora deixou algo inacabado? Algum indicador que deveria ter melhorado?
Sim. Têm problemas ainda. Não podemos resolver todos os problemas em 7 anos. É impossível. Até porque a demanda aumentou. O RN aumentou a população e cresceu. O RN é um estado que atrai novos investidores e moradores. É um estado em crescimento em todos os sentidos. Todo estado em crescimento aumenta suas demandas e com isso sabemos que nem todas são atendidas. Por exemplo, encontramos problemas graves na educação. Estamos corrigindo, cumprindo as metas do Ideb. Com relação ao Enem, sabemos que não é obrigatório e muitos não fazem, estamos cumprindo as metas. Estamos bem. Mas isso não significa que não temos que melhorar. Nós precisamos melhorar muito na educação. Isso depende de todos os atores que estão no processo, não só os gestores públicos, depende de todos - professores, funcionários. A responsabilidade não é só do governador ou prefeito, é de todos. Com relação à educação, ninguém tem condições de abrir a boca para falar absolutamente nada. Porque a avaliação é feita em cada município. A situação em Natal não é boa. A situação de Mossoró não é boa. Nossos adversários não têm o que dizer sobre isso. Os que foram prefeito por 12 anos também têm problemas nessa área. Como senadora, quero trabalhar a questão da PEC 29, que está na Câmara Federal. O SUS é um sistema muito democrático, mas ele não está bem em todo Brasil. Hoje, todo mundo tem direito a fazer os mesmos exames de quem tem plano de saúde, só que tem de entrar numa fila. A questão da urgência e emergência é outro problema. Os hospitais de urgência e emergência são para resolver problemas graves, os pequenos problemas devem ser resolvidos pelos Municípios através das unidades de pronto-atendimento 24 horas.
RL: Alguns municípios nem têm essas unidades...
Têm, mas não funcionam. Você vai numa unidade de pronto-atendimento em Natal e simplesmente não funcionam durante 24 horas. Durante o dia mesmo não têm médicos. Aí as pessoas vão para os hospitais.
RL: Esse problema acontece na UPA recém-inaugurada pela prefeita Micarla?
Essa unidade não avaliei. Sei que a maternidade que foi inaugurada duas vezes só faz parto normal, mas deveria fazer ao menos cesariana.
CC: A chapa oposicionista fechou o voto casado entre si: Rosalba (DEM), Garibaldi (PMDB) e Agripino (DEM)...
Eles fecharam antes, mas agora vão mudar.
CC: A pergunta era essa.
Vão mudar porque eles vão começar a disputar.
CC: Eles estão com essa estratégia que não sei se terá continuidade.
Vamos ver.
CC: Na chapa da senhora existe essa estratégia de voto casado?
Existe, mas sabemos que não é uma coisa fácil, pois sabemos que é uma disputa muito grande com os ex-governadores, estão no Senado há mais de 20 anos. É uma luta de titãs, pelo menos é o que o povo diz.
CC: A senhora pede voto para Hugo Manso (PT) e ele pede para senhora?
Sempre peço voto para ele e ele pede para mim. Sempre que meus eleitores votarem em Hugo é bom para mim.
RL: A senhora concorda com a máxima de que o “Senado é o paraíso dos políticos”?
Acho isso um absurdo. O Senado tem de ser o lugar de mais responsabilidade onde as pessoas mais devem trabalhar. E onde as pessoas devem prestar contas. Não adianta você se apresentar com um belo discurso ou com um debate fazendo oposição ao governo. Você deve se apresentar com coisas objetivas que você conquistou e isso deve ser prestado contas ao povo. Há pouco tempo, houve uma avaliação onde os senadores do RN foram os que apresentaram menos projetos, estamos no final do ranking no Senado.
CC: Numa campanha como essa, é estranho para a senhora ver antigos aliados como o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) do outro lado?
Cada campanha tem sua história e isso faz parte do jogo político democrático. Você não é obrigado a fazer as mesmas alianças e às vezes você se divide para somar depois. É o caso de Carlos Eduardo. Acredito que no segundo turno estaremos juntos.
RL: Acredita nisso?
Penso assim.
RL: A senhora lembrou sobre a avaliação dos senadores do RN. Qual nota daria para eles?
A nota tem de ser dada pelo povo. Mas é preciso que a imprensa, por exemplo, apresente isso de forma clara. Para que a população tenha elementos para avaliar. Falta informação.

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