Cefas Carvalho
Com algum atraso, uma eternidade para os padrões internéticos, este blogueiro registra o réveillon, passado com amigos na outrora glamourosa Praia do Meio, hoje decadente. De cara, uma observação de cunho social; nas quase sete horas que passei na praia (das 22h do dia 30 às 5h do dia 1º), quase todas com os pés na areia, ali pertinho da estátua de Iemanjá, não vi sequer um problema, uma confusão. O policiamento se mostrou eficaz. E, verdade seja dita, o pessoal estava lá para se divertir e celebrar o novo ano. Em conversa com um soldado PM ele disser que, sim, registrou-se casos de agressão física e tentativa de assalto, mas, não perto de onde eu me encontrava. E nada que chagasse perto do medo que muitos natalenses tem hoje da Praia do Meio.
Eis que, no dia 1º, conversando com uma amiga, que passou o reveillion no Hotel Imirá, ela registrou que, perto da mesa onde ela estava com os amigos, nada menos que duas brigas explodiram, ambas com direito a garrafas de uísque (certamente 12 anos) voando. Pior, uma delas, estourou numa parece e atingiu o braço de uma amiga da minha interlocutora que precisou ser atendida no plantão de pronto socorro do hotel. Mas, lá, surpresa: não havia médico para dar pontos no ferimento. A amiga registrou outros problemas: falta de segurança, gelo que acanou antes da meia noite, entre outros. Isso porque o custo mínimo para o reveillon do Imirá era de R$ 100,00. E que, lá, certamente se encontravam membros da elite natalense. Que, falemos a verdade, sempre foi chegada a barracos e excessos etílicos.
Mas, voltemeos ao meu réveillon na Praia do Meio. Um privilégio virar o ano com a música (e a contagem regressiva) da cantora Khrystal, que enfrentou o som ruim (teve que implorar pelo retorno) e mostrou profissionalismo e o talento de sempre.
Eu já me preparava para elogiar a Prefeitura de Natal/Funcarte pela iniciativa, quando o locutor da festa anunciou a próxima atração: banda Swing no Sangue. Espere aí, Cefas, o fato de você não gostar de pagode não quer dizer que as pessoas não possam gostar, além disso, trata-se de uma festa, não de um concerto musical. Certo. Foi o que me disseram e que repeti para mim mesmo. O problema é que a banda atrasou duas horas o show, cercada de ironias do locutor (“E essa banda que não chega”. “Pegaram engerrafamento, foi?”).
Mas, teve pior ainda. Enquanto animava a platéia entre os shows de Khrystal e Swing no Sangue, o locutor registrou que (palavras dele): “O réveillon na Praia do Meio é uma realização de Rodrigues Neto, o melhor presidente da história da Fundação Capitania das Artes”. Não satisfeito – e para não me deixar dúvidas, já que eu tinha bebido umas cervejas – o locutor repetiu a sentença umas quatro ou cinco vezes. Babação explícita? Ou ordem expressa do chefe, carente de auto-promoção? Bem, logo subiu ao palco a banda de pagode e decidi seguir a máxima filosófica vaticinada pelo ilustre Rodrigues assim que assumiu a Funcarte. Cagando e andando para tudo o mais, decidi seguir com meu réveillon entre o mar, os amigos e as cervejas geledas vendidas por 5 reais na areia. E viva 2011.
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Há 11 meses
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