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Genivan Vale: “Gastar mais com publicidade do que com saúde é inadmissível”


Vereador em Mossoró em primeiro mandato e candidato a deputado estadual nas últimas eleições, Genivan Vale (PR) é mais um dos professores políticos de Mossoró. Com apenas 42 anos de idade, bioquimico de profissião, Genivan concedeu entrevista em Mossoró aos jornalistas José Pinto Jr. e Cefas Carvalho, quando falou sobre política, projetos e eleições. Confira:

Qual a lição que o senhor tirou da candidatura a deputado?
Como já tive a oportunidade de dizer outras vezes, eu saí maior da eleição. A gente sabia da dificuldade de campanha, mas havia um projeto, que era aumentarmos nossa base. Nós já temos o deputado Vivaldo Costa, que era suplente, e a agora nós conseguimos eleger dois deputados do PR. Então, o projeto era esse: era aumentarmos a nossa base de deputados e conseguimos; agora achávamos que dava para eleger três.
Infelizmente, em virtude dos 17 prefeitos que o PR tem, somente dois se comprometeram com os candidatos do PR. Mas digo sempre: eu saí maior da campanha, por um lado derrotado, mas se sentindo superior por que, principalmente com dois anos de mandato a gente conseguir quadriplicar a nossa votação aqui em Mossoró.

O seu mandato foi reforçado em quais setores?
Principalmente em relação a Educação e Saúde. Eu sou da área de saúde, sou bioquímico. Eu tenho me juntado muito ao Ministério Público e tentado resolver problemas que os governos tentam minizar, mas por vezes encontram dificuldades. E a gente sabe que o dinheiro não é suficiente. Mas a gente precisa ter prioridade em relação a esse dinheiro. É inadmissível que nós tenhamos em Mossoró hoje quase mil pessoas esperando cirurgias. No ano passado entramos com um requerimento solicitando ao Governo do Estado um mutirão de cirurgias. Felizmente, o governo atual, através do secretário de Saúde, foi sensivel ao problema e em março haverá um mutirão aqui em Mossoró. Então, a gente tem tentado exigir do governo, em especial o de Mossoró, que gaste menos com publicidade e festas e aplique mais em saúde. A publicidade em Mossoró hoje consume entre 6 e 7 milhões anuais. Por exemplo, um aparelho de ressonância magnética custa R$ 1 milhão. 900 pessoas há um ano esperam um exame de ressonância. Gastam 3 milhões, 3,5 milhões com Mossoró Cidade Junina, aí nós gastamos R$ 2 milhões com Saúde. Então, nós acreditamos que há uma discrepância muito grande nisso. Não que não queiramos que o governo publicize suas ações. Nós achamos que deve publicisar, nós entendemos. Mas acredito que está havendo uma inversão de valores. Gastar mais com publicidade e festas que com atendimento à população é inadmissível.

A Câmara Municipal de Mossoró passou por uma série de desgastes desde a legislatura passada e passou recentemente pela confusão da eleição da nova mesa diretora. Qual a sua expectativa com relação ao Legislativo?
Há uma idéia gerada no Executivo, de sempre desgastar o Legislativo. Isso não é somente em Mossoró. Para o Executivo, é interessante trabalhar com o Legislativo desgastado. Isso vem de longas datas... O Legislativo tem uma parcela significativa de responsabilidade. Quando ele não gera propostas que venham beneficiar a maioria da população. Eu sempre disse o seguinte: está tudo na Justiça. Quando realmente disserem quem são os responsávies e os culpados, eu posso emitir uma opinião criticando. Em relação da nossa eleição, sempre há uma imprensa que é ligada ao poder e que faz, naturalmente, versões que são jogadas para a população. Como também há uma imprensa que é alinhada com a oposição. Nós fazíamos parte de um grupo que queria mudar a Câmara. Eu era de um grupo de oposição ferrenha ao Palácio da Resistência. Tanto é verdade que nós conseguimos apoio de quatro vereadores da situação. Nós da oposição éramos três partidos: PR, PSB E PDT. Conseguimos quatro colegas, fizemos a maioria e fizemos a eleição da nova mesa. E demos já demonstrações que depois dessa conquista que nós não faríamos uma oposição sistemática, radical. Há projetos extremamente importantes do governo Dilma para a Prefeitura de Mossoró, como, por exemplo, o da Responsabilidade Educacional, em que o governo se compromete a cada ano aumentar 1% do PIB municipal, aumentar em educação. E hoje a obrigatoriedade é 25% e nós vamos aumentar a cada ano 30%, ou seja, haverá uma obrigatoriedade em Mossoró e nós passaremos a ter agora como obrigação do município 30%.
Então, esse projeto foi para a Câmara e nós aprovamos sem dificuldade nenhuma. Eu, inclusive, sendo de oposição. Então, a gente deu provas claras de que a gente não quer fazer oposição por intenção. Agora, o governo deles se perde com sua arrogância de querer aprovar tudo, passar por cima da oposição, muitas vezes querer passar por cima de onde não tem e a gente não vai permitir isso.

Qual o sentimento do Legislativo em relação a ser a governadora oriunda de Mossoró?
Para a gente é muito interessante, porque nós nunca tivemos essa experiência em plenitude. Todos sabem que Dix-sept Rosado governou seis meses e em um acidente de avião, veio a falecer. Há uma expectativa muito grande. Mossoró é uma cidade pequena, que tem um grande potencial. Nós acreditamos que Mossoró precisava receber um olhar mais carinhoso. E coincidentemente, e de forma ruim para a cidade, sempre o governo do Estado era adversário do governo municipal. E agora, a alegria de ter um governador da cidade e por coincidência fazer parte do mesmo partido, da mesma linha política da prefeita. Há uma expectativa imensa na sociedade. Talvez isso será até ruim para o governo de Rosalba, porque os mossoroenses esperam demais dela e a gente sabe que há algumas limitações que ela não poderá atender. Mas como governadora, ela demonstra que sabe administrar. Em três mandatos dela aqui em Mossoró ela conseguiu deixar uma marca, uma marca boa, apesar de que teve muita mídia, ela explorou muito bem, ela é uma pessoa que sabe explorar demais a mídia, mas a gente não pode negar que Mossoró mudou bastante com a administração de Rosalba Ciarlini. Então, apesar de o meu partido estar na oposição, eu acredito que a governadora fará um bom governo para o RN se orgulhar e, em especial, Mossoró, dessa administração.

A Câmara Municipal tem projeto de, enfim, ter uma sede própria?
Eu acho inadmissível que nós, com o orçamento que nós temos, não tenhamos uma sede própria. Isso é inadmissível. Mas, não sei se vocês sabem, mas a negociação está muito avançada com o fórum, direção do fórum, Dr. Cornélio, inclusive é o atual diretor e é muito provável que nós assumamos o fórum, haja vista o atual fórum de Mossoró hoje estar pequeno para as várias ações que Mossoró exige e haverá negociações.

Genivan, qual a sua expectativa com relação a nova direção da Fecam?
Na realidade, nós estivemos lá, na posse do presidente Edivan Martins. Já ocorreu uma reunião aqui em Mossoró, na região Alto Oeste, esperamos que realmente a Fecam cumpra o objetivo dela, que é servir às Câmaras Municipais. A gente viu que a Fecam serviu para potencializar um projeto do Rogério Marinho, nós não temos nada contra. Mas a gente tem visto muita reclamação de muita Câmara que não quer participar. Algumas das coisas que eu pedi a Edivan e a Silveira (presidente da Câmara de Mossoró e vice-presidente da Fecam) é que no estatuto a gente tem 12 coordenações regionais, então, que haja reuniões com os coordenadores e que nós precisamos realmente fazer. Nessa reunião, nós vimos muito presidente de Câmara pedindo os computadores para os Telecentros, querendo capacitar as populações carentes. Aí eu disse que entendia a necessidade de capacitação das pessoas mas que nós tínhamos um outro público que precisava de capacitação: nós mesmos, os vereadores. Infelizmente, nós temos várias Câmaras que têm vereadores que infelizmente entende muito pouco a importância de uma Câmara, o poder que uma Câmara tem. Nós precisamos urgentemente capacitar os vereadores. Eu fiquei muito feliz, Edivan disse que já tinha o primeiro curso de capacitação dos vereadores agendado, que é com o Erick Pereira, que todos sabem que é o renomado jurista e talvez ele seja hoje um dos melhores advogados no ramo do direito eleitoral do RN.

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