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Entre falta de ética, ameaça de cancelamento e iniciativas pessoais, autos natalinos "invadem" a cidade

Cefas Carvalho

Pegando carona em trocadilho perpetrado pelo amigo jornalista Sergio Vilar, entre altos e baixos começou com força total a temporada de autos natalinos e similares em Natal. De cara, pelos números, quantias gastas (ou empenhadas) e nomes envolvidos, dois se destacam: o auto da Prefeitura de Natal, chamado “Maria, José e o menino Deus”, teve início no anfiteatro da UFRN, ontem, dia 21, seguido de show de Zé Ramalho, e continua hoje, 22 (com show do cordel do Fogo Encantado) e dia 23 (com show de Bibi Ferreira).
Este blogueiro não assistiu ao auto, mas não se furtará a comentá-lo, já que ficar em cima do muro jamais foi minha praia. Apesar de qualidade da equipe (Henrique Fontes na direção, por exemplo), defendo que existe um conflito de interesses o auto ter sido escrito por um funcionário da Funcarte, o cineasta Edson Soares, que, para agravar a falta de bom senso, também é ligado a TV Ponta negra, de propriedade da prefeita Micarla de Sousa.
Outro agravante: a Funcarte – enquanto instituição – havia convidado a escritora Clotilde Tavares para escrever o auto, e com a mudança na presidência do órgão, houve a substituição dela pelo citado Edson Soares. Pior: Clotilde soube que não seria mais a autora do espetáculo pela imprensa. Mas, como o presidente da Funcarte, jornalista auto-proclamado cultural Rodrigues Neto disse numa entrevista que estava “cagando e andando” para o que falassem dele e de sua gestão, este blogueiro sabe que estas críticas não passarão de palavras ao vento.

Outro auto que despertou polêmica foi o “A festa do Menino Deus”, encenado por João Marcelino com texto de Racine Santos. Será apresentado no Largo do Teatro Alberto Maranhão entre os dias 26 e 29, ás 19h. A celeuma se deveu ao fato da governadora Wilma de Faria ter cancelado o auto “por falta de verbas” há duas semanas, após meses de ensaio com mais de cem artistas. Pressão feita em frente à governadoria por vários envolvidos no projeto levou Wilma a voltar atrás e garantir o auto. Mas, o episódio gerou desgaste entre a governadora que, segundo o escritor e ex-presidente da FJA François Silvestre, “não gosta de cultura, gosta de diversão”. Quem tiver alguma dúvida procure no “São Google” fotos de Wilma no carnatal. Encontrará centenas delas.

Contudo, pela primeiras vez um terceiro auto natalino brilha na cidade. Trata-se do “Presente de Natal”, encenado por Diana Fontes, que, há alguns anos, realizava o espetáculo com aval do Governo do Estado, em frente à Pinacoteca, amealhando grande sucesso artístico e de público. Por conta própria e com orçamento reduzido, Diana levou seu auto para Mirassol entre os dias 18 e 20. E a Prefeitura de Natal contratou o auto, que tem texto de Racine Santos, para os dias 26 e 27 na praça Iapsara Aguiar, em Santa Catarina, Zona Norte. Entusiasta da iniciativa e garra de Diana, este blogueiro também espera que ela se volta para espetáculos mais intimistas e pessoais em 2010, como o excelente “Entre nós”, apresentado em outubro passado na Casa da Ribeira.

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