Reproduzido do blog www.ateismo.netCarlos EsperançaÉ surpreendente que o Papa se considere o paladino da procriação quando defende tudo o que se lhe opõe, desde a castidade – de efeitos demolidores –, até ao celibato imposto ao clero e restantes membros das comunidades religiosas, masculinos e femininos.
O chefe do único Estado sem maternidade é contra a reprodução medicamente assistida, a conservação de embriões e os bancos de esperma, numa atitude de pavor perante a possibilidade de a humanidade se esquecer do método tradicional de procriar, apesar de continuar o mais popular.
O papa Bento XVI associa a oposição da Igreja ao casamento gay às preocupações com o meio ambiente, sugerindo que as leis que enfraquecem “as diferenças entre os sexos” são uma ameaça à criação.
O argumento que usa para condenar a descriminalização do aborto (para lá da posição perante a vida, respeitável e de difícil definição quanto ao começo) não esconde a vontade malsã de ver mulheres condenadas ao cárcere para satisfação das suas crenças.
É, aliás, um argumento em que reincide, alheio ao crime que pratica quando condena o uso do preservativo contra a SIDA ou na violência que exerce quando pretende manter grávidas as mulheres violadas, com malformações fetais ou em risco de vida.
Que o Papa divulgue os seus preconceitos e os torne obrigatórios para os crentes do seu deus, é um direito que lhe assiste; que ameace com o Inferno é um problema religioso; mas pretender impor a vontade do deus de que se julga mandatário, é um acto ditatorial a que um país laico não pode nem deve submeter-se. Os radicalismos religiosos estão na moda mas as sociedades têm o dever de se lhes opor.
Os Estados devem preservar o carácter laico e resistir às pressões piedosas de quem gostaria de impor o direito canónico ao Estado de direito.
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