Envolvido em um quiproquó no Twitter com o jornalista Eugênio Bezerra, assessor/secretário especial da Prefeitura de Natal, resolvi arregaçar as mangas de repórter e descobrir respostas para a questão que gerou a polêmica entre eu e Eugênio: afinal, o artista Pedro Costa, que realizou dentro do Salão de Artes Plásticas, a polêmica performance de tirar um terço/rosário do ânus em Nalva salão café receberia da Prefeitura o cachê acordado de R$ 1.350,00?
Enfático, como sempre, Eugênio, no twitter, disse que “
@eugeniobezerra @cefascarvalho afirmo com todas letras q nem um centavo dos cofres da prefeitura foi destinado ao artista. Obrigado”.
Contudo, a Tribuna do Norte em reportagem veiculada hoje, dia 23, sustenta que o artista receberia sim o dinheiro, já que ele teve seu trabalho aprovado entre os selecionados.
Instigado, dediquei parte da manhã de hoje, 23, a confirmar o fato. Primeiro telefonei para a Funcarte para falar com o presidente Rodrigues Neto (em reunião), depois com o vice, Gustavo Wanderley (que não foi hoje) e por fim com a assessora de imprensa Tiana Costa, cujo expediente já havia encerrado ás 13h (liguei às 13h15).
Pela hierarquia, faltava falar com a chefe do departamento de artes plásticas, Sânzia Pinheiro. Obtive êxito. Sânzia confirmou que o pagamento de Pedro estava previsto para ser pago “juntamente com os dos outros artistas do salão”. Disse ainda que “não recebi nenhuma informação da Prefeitura no sentido de não pagar o referido artista”.
Sânzia sustentou que o Salão “tem que abrir espaço para a polêmica, sim” mas lamentou que a mídia não tenha percebido que “o Salão deste ano pelo novo formato vem sendo um grande sucesso, um sucesso histórico”. Talvez. Mas, e não apenas na opinião deste blogueiro, obscurecido pela celeuma do “artista que tirou um terço do ânus”.
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ResponderExcluiracabei de chegar de uma visita ao museu onde deveria estar o vídeo/registro da performance e o terço de pedro. nada estava lá. não obstante, espero que ele receba, mesmo, o prêmio a que teve direito. toda essa discussão tem riqueza, mas, no fundo fica inóqua por conta da ausência de fundamentações... pedro é legal (no sentido jurídico), inteligente e ousado. com certeza, o único artista a corresponder ao equivocado critério da comissão julgadora de eleger obras "arriscadas".
ResponderExcluirQue Pedro Costa, potiguar, artista, pesquisador, pessoa nobre e batalhadora, não se torne refém dos oportunistas e carreiristas que querem se aproveitar de uma performance de enfrentamento (e de uma exposição absolutamente corajosa), para associá-la à incompetência e inércia política e administrativa do RN. Ao contrário, o artista prova através do próprio risco de seu trabalho que está além da mentalidade rabo-presa da terra Natalis.
ResponderExcluirOportuno dizer que seria um troco, o valor, nesse caso, já que a mídia esperada pela Funcart Pedro já fez, por merecer.
ResponderExcluirE apesar de um escândalo ser sempre escândalo, esse faz melhor que essas, "e aquelas", velhas novelas [do fomento].
Amigos e leitores: a polêmica se divide em duas questões. A primeira é se a performance de Pedxro é arte ou não. A segunda, mais simples, é que se ele foi selecionado - independente se o que fez é arte ou não, é bom ou não, choca ou não - merece (e deve) receber a remuneração prevista. A celeuma foi criada por pessoas ligadas à Prefeitura que afirmaram publicamente que ele não seria pago pela Funcarte.
ResponderExcluirseguinte, cefas: vamos pensar assim: a performance é (bem) considerada uma modalidade híbrida de arte visual e cênica; pedro fez uma performance; portanto, o que ele fez É arte. quanto à remuneração será legal (no sentido jurídico) que ele receba.
ResponderExcluirAcho injusto você afirmar que a performace citada obscureceu o Salão de Artes Visuais. Acho que, pelo contrário, mostrou que a Funcarte (em seu departamente de Artes Visuais, pelo menos) está aberta a novas linguagens.
ResponderExcluirRamila, ouvi de pessoas ligadas à Funcarte (que claro, não se idenficarão) que o Salão foi, sim, obscurecido. Portanto, a opinião nem minha é. Ademais, acho que a Funcarte se omitiu quanto ao pagamento do artista, já que se criou uma celeuma se ela receberia ou não. Enfim, não acredito que a Funcarte, como instituição, está aberta a novas linguagens. Apenas a comissão que selecionou os projetos optou pela performance dele.
ResponderExcluirDe fato, a Funcarte, "como instituição" não está aberta (ou preparada) para quase nada neste mundo. Mas eu ainda acho que a aprovação do "Rosário do anús" já é uma evolução em termos artísticos e de gestão da cultura. Convenhamos, um dia Natal ia ter que entrar no século XXI (a performance arte já é desenvolvida desde os anos 60). Ainda que tenha sido de forma tão traumática...
ResponderExcluirP.S.: Recentemente, a Sânzia Pinheiro declarou à Revista Catorze que ele vai receber sim.
Bem, espero que Pedro receba o prêmio que ele merece.
ResponderExcluir"O Rosário do Anus" se tornou um divisor de águas em Natal-RN.
Foi um divisor de águas sim, mas, na minha opinião, não para o lado bom.
ResponderExcluirIsso pode ser chamado de arte sim, mas de extremo mal gosto - repito, na minha opinião.
Natal será conhecida - além de cidade do sol e noiva do sol - como a cidade do doido que tirou o rosário do c*, lastimável. Belo título, não?