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Efeito Fábio Faria: Câmara reduz em 20% valor da cota de passagem de deputados e restringe uso a dependentes



MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Foto: Folha Imagem

A Mesa Diretora da Câmara anunciou hoje uma série de medidas para regulamentar o uso da cota de passagem aérea dos deputados. A partir de agora o uso da passagem fica limitado a parlamentares, suas mulheres ou maridos, além de outros dependentes legais --como filhos. O Senado também anunciou redução de 25% no valor, mas permitiu o fretamento de jatinhos e o uso da cota por terceiros.


Fábio Faria usou a cota de passagens da Câmara para pagar viagem de Galisteu
A Câmara anunciou ainda uma redução de 20% no valor da cota da passagem, que varia de R$ 4,7 mil a R$ 18,7 mil --dependendo do Estado de origem do parlamentar e se ele ocupa cargo na Mesa. Parlamentares do Distrito Federal, que não precisam voltar para seu Estado de origem no fim de semana, também recebem.

O uso da cota de passagens por assessores será liberado apenas para viagens relacionadas à atividade parlamentar.

As medidas de moralização do uso da cota de passagem foram anunciadas depois da denúncia de irregularidades no uso do benefício. O deputado Fábio Faria (PMN-RN), por exemplo, uso sua cota para pagar viagens para a ex-namorada Adriane Galisteu e outros artistas. Ele devolveu R$ 21.343 para a Câmara para ressarcir as passagens.

Deputados que assumiram ministérios do governo Lula continuaram usando a verba mesmo depois de licenciados da Câmara. Esse é o caso dos ministros José Múcio (Relações Institucionais), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Geddel Vieira (Integração). As assessorias dos ministros negaram irregularidades no uso da cota. Informaram que eles possuíam créditos pessoais e intransferíveis referentes à cota não usada quando parlamentares.

O MPF-DF (Ministério Público Federal) no Distrito Federal cobrou ontem da Câmara dos Deputados alterações na regulamentação sobre o uso da cota de transporte aéreo por parlamentares.

De acordo com a Procuradoria, a Câmara não faz o controle adequado da utilização da cota de passagens aéreas dos deputados. A Procuradoria diz que a falta de disciplinamento da Câmara "tem servido como álibi para o desvio constante desta verba".

A Procuradoria recomenda que a Câmara proíba que as passagens sejam utilizadas por outras pessoas que não os deputados. Recomenda também o fim do pagamento do benefício para parlamentares do Distrito Federal --já que esses não precisam retornar para seus Estados de origem no fim de semana. Por último, cobra mais rigor no acompanhamento feito pelos órgãos de controle interno da Câmara.

De acordo com a Procuradoria, o objetivo é sanar irregularidades na análise das requisições de passagens feitas por todos os deputados e nos bilhetes emitidos pelas principais companhias aéreas.

Entre os problemas encontrados pela Procuradoria estão passagens em nome de terceiros, bilhetes para o exterior sem vínculo com missão oficial, passagens domésticas para destino diverso do Estado pelo qual o deputado foi eleito, emissão de passagens para deputados licenciados.

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