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Entre nós: Dança-teatro mistura artes e literatura


Cefas Carvalho

Dança-teatro? Ou Teatro-dança? Pouco importa o nome. O importante é que uma tendência da dança moderna, a de mesclar dançarinos com textos lítero-teatrais, começa a ganhar corpo em Natal. Recentemente, o encenador Maurício Motta realizou “Sente-se”, uma versão dança-teatro para um clássico do mestre franco-romeno Eugene Ionesco. Agora, é a vez da encenadora e coreógrafa Diana Fontes dar à luz ao espetáculo “Entre nós”. Trata-se de uma construção coreográfica coletiva com diversos bailarinos natalenses coordenada por Diana com base em textos da escritora e atriz Cláudia Magalhães e com pesquisa musical coletiva orientada por Maurício Motta.

CALENDÁRIO
“Entre nós estreou no último dia 12, no Teatro Poti Cavalcanti, em São Gonçalo do Amarante. Amanhã, sexta 17, vai a Mossoró, para o Teatro Dix Huit Rosado. Já no dia 18, o espetáculo será encenado no Centro Cultural Adjuto Dias, em Caicó; e no dia 19, no Teatro Candinha Bezerra, em Santa Cruz.
Nos dias 16, 17 e 18 de outubro, será a vez de Natal receber o espetáculo, mais exatamente na Casa da Ribeira.

O QUE É
Segundo a idealizadora Diana Fontes, o espetáculo “pretende retratar o dia a dia do homem moderno, nessa busca desenfreada pela conquista de espaços, poder, resultando em um isolamento imenso".
"Entre Nós expõe essa realidade através da construção de personagens, partindo da desconstrução de nós mesmos, para podermos avaliar com clareza e verdade nessa construção. Afinal os Nós estão entre nós, internamente e externamente”, analisa a encenadora, registrando que não é de hoje sua preocupação com temas atuais. Espetáculos da Corpovivo Cia. De Dança, liderada por Diana e gênese do grupo de dança que se forma para o “Entre Nós”, como "Depois do Sol" que retrata a loucura e os preconceitos e tratamentos inadequados a que são submetidos e"Tire-me Daqui" (concebido na época de Collor, em que diariamente éramos bombardeados de corrupção) mostram uma ambição de retratar o mundo atual.
Segundo Diana, o texto de Cláudia Magalhães foi fundamental para a construção de um roteiro com base nas relações humanas e no mundo moderno. Os dançarinos e Diana se basearam em diversos contos de Cláudia para fazer a s coreografias.
“O texto de Cláudia Magalhães expõe com maestria e com propriedade os nossos anseios e inquietudes”, afirma Diana. Ela aponta trechos que conceituaram o espetáculo, como este: "Possuo uma crueldade excepcional que, quando adormecida, cede lugar a uma ternura intrigante, curiosa, que me entorpece, me alivia...
Para Cláudia, a junção entre texto teatral e dança pode oxigenar a cultura de espetáculos potiguar. “Essa é uma tendência cada vez maior na arte contemporânea”.
É preciso lembrar que Diana e Cláudia realizaram uma explosiva versão para o auto natalino “Presente de Natal” em 2005, na qual o auto bem comportado de celebração do menino Jesus deu lugar a um show de cores e músicas (compostas por Danilo Guanais) sustentando um texto onde Maria esbravejava contra as injustiças sociais e a violência moderna. Diana e Cláudia também foram parceiras nos espetáculos “Oratório de Santa Luzia” e “Terra de Sant´Ana” (cujo texto foi publicado em livro-plaquete em 2007).

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